Como qualquer casal normal, pela primeira vez, Elias e eu discutimos na frente das crianças. Apenas discutimos. Percebi que enquanto discutíamos, o Gui nem ligou. Continuou deitado no colo do pai, assitindo desenho até adormecer. Carol, que estava do meu lado, começou a brincar sozinha, em uma cabaninha improvisada no varal de chão que estava na sala por caisa da chuva.
Nem levantamos do sofá. Discutimos sentados no sofá. Mas percebo que a Carol estava um pouco diferente, já que não costuma ficar quietinha quando estamos conversando.
A noite, estava deitada com ela e resolvi tocar no assunto. Segue o diálogo:
_Carol, você percebeu algo diferente na minha conversa com o papai agora a noite.
_Sim. Você estavam brigando.
_É...mais ou menos. Mas a gente não estava brigando igual vc e o Gui. Estávamos discutindo.
_Não interessa. É conversa de adulto.
Mas você entendeu o motivo?
_Não. Não interessa. É conversa de adulto.
_Mas o que você acha do papai e eu brigarmos?
_É maldade com a criança.
_Como assim?
_Porque aí o pai mora em outra casa e a mãe fica com a criança. Mas aí o pai não ppde brincar com a criança quando chega do serviço. É maldade com a criança.
_Mas Carol, quem te ensinou isto? Onde você viu isto?
_Com as minhas colegas da escola.
_Carol, a mamãe e o papai brigaram porque pensamos diferente sobre uma coisa. Mas você e o Gui brigam e depois fica tudo bem. Eu já estou de bem do papai. Não vamos nos separar, tá bem?
_Tá bem. Porque é maldade com a criança gente...